Saberes locais e a formação de coleções de história natural nas expedições científicas do oitocentos
Palavras-chave:
circulação, expedições, coleções de história natural, século XIX, decolonialResumo
Este artigo tem o objetivo de analisar como saberes locais contribuíram para a formação das coleções de História Natural reunidas durante algumas das expedições científicas estrangeiras que percorreram o Brasil durante a segunda metade do século XIX. A historiografia recente sobre as viagens científicas demonstrou a importância da sociabilidade para a realização destas expedições, destacando o caráter social envolvido com o trabalho naturalista de campo. A partir das interações com as populações locais, os viajantes não só conseguiam o apoio logístico necessário para a movimentação em regiões pouco conhecidas, mas também reuniam informações importantes sobre os hábitos e habitats de espécies animais e vegetais, incluindo seus usos econômicos e medicinais. Além disso, indígenas, escravizados e ribeirinhos, dentre outros, contribuíram com a coleta e a preparação dos espécimes que formaram as coleções levadas para os museus de História Natural nos Estados Unidos e na Europa, principalmente. Ao longo deste artigo analisaremos exemplos destas contribuições retirados dos livros de viagem publicados por naturalistas como Henry Bates, Alfred Wallace e Louis Agassiz.